
São
Francisco de Assis do Piauí é um dos 189 municípios do estado que
decretaram situação de emergência por causa da seca. As perdas na
lavoura chegam a 90%. Nem mesmo a palma, uma planta acostumada à falta
de chuva, resistiu.
Na
região do semiárido piauiense, a igreja católica criou 32 pontos de
distribuição de água para diminuir as longas distâncias percorridas pelo
sertanejo e pelos animais, que estão fracos pela falta de alimento e
água. Açudes que secaram também recebem água de carros-pipa. Em poucos
minutos, os animais aparecem para aproveitar a água.
Quem
está a frente de todo esse trabalho é o padre do município, Geraldo
Gereon, que acompanha de perto o drama dos sertanejos há mais de duas
décadas. “Um dos principais problemas deste ano é o abastecimento dos
rebanhos, que são base econômica da população”, diz.
Em
algumas regiões, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do
Piauí, a estiagem provocou a morte de 1/3 do rebanho bovino do estado.
Cenário de deserto em Sergipe
Os
açudes de Sergipe estão secos há vários meses e os animais procuram
alimento em vão. José Bispo é criador de bois e vacas no município de
Poço Redondo, mas desde o início da estiagem, em dezembro do ano
passado, já perdeu seis dos sete animais. As lavouras de milho e feijão
também não resistiram.
Dezoito
municípios do sertão sergipano estão em situação de emergência por
conta da seca. Poço Redondo registra uma das situações mais graves. Mais
da metade do rebanho já morreu e o que resta, resiste com fome e sede.
Busca de alternativas na Paraíba
Na
Paraíba, os pequenos açudes também se transformaram em terra rachada e
as plantações em galhos secos. No município de Taperoá, no sertão da
Paraíba, predomina a criação de gado, caprinos e ovinos.
A
tradicional fazenda Carnaúba está sob os cuidados da nona geração. O
criador Manelito Dantas considerada a fazenda modelo por conta das
medidas que adota em relação ao clima da região. Mas a propriedade não
conseguiu se livrar dos efeitos da estiagem. O capim não brotou e a
silagem acabou há dois meses.
O
criador Daniel Dantas, filho de Manelito Dantas que administra a
propriedade, ainda não conseguiu comprar o milho da CONAB, que é vendido
por um preço menor. “Estou há três meses na fila e o pessoal fica
protelando. Vai completar quatro meses que estou na fila”, diz.
Sem
o milho do governo e sem reserva de alimento para o gado, a fazenda tem
que adquirir o bagaço de cana das usinas do litoral do estado. O bagaço
chega à propriedade seco e cru. Para que o animal consiga digerir
melhor o alimento, o bagaço deve ser tratado com água e cal. O maior
problema está em encontrar a matéria prima e no valor do frete pago.
O
pequeno criador Luiz Paiva reclama da falta de milho da CONAB. Ele diz
que já perdeu 20 das 30 cabeças de gado que tinha na propriedade. Todo
mês, vende uma parte dos caprinos para alimentar os que ficam.
A
superintendência da Conab na Paraíba enviou uma nota onde afirma que o
tempo de espera de um mês para a entrega do milho está dentro da norma. A
empresa diz também que a procura é grande e que em dezembro vai
aumentar em quatro vezes a quantidade de milho a ser distribuído aos
produtores paraibanos.
Fonte: Globo Rural
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