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Mário Borba (FAEPA-PB) |
Na letra do honroso Joaquim Osório, o hino nacional brasileiro
anuncia uma terra fértil como nenhuma outra no mundo. “Do que a terra, mais garrida,
teus risonhos, lindos campos têm mais flores; Nossos bosques têm mais vida,
nossa vida no teu seio mais amores." Gigante pela própria natureza, o
Brasil, rico em vastos campos, sofre com a falta de planejamento e ações
políticas que impulsionem o meio rural.
Hoje, o homem dos campos nordestinos dispõe, praticamente, da fé como
instrumento principal para salvar sua produção agropecuária. Foi-se o tempo em
que este visava à expansão da sua plantação ou da sua criação de gado. As
poucas imagens que a mídia expõe sobre os efeitos devastadores da maior seca
dos últimos 50 anos parecem comover menos que o último capítulo das novelas das
21h.
São 1.348 munícipios do Nordeste que integram o chamado Polígono das
Secas, expostos anualmente à falta de chuva e a políticas estéreis que humilham
o sertanejo e enriquecem a imagem dos políticos da nossa região e país.
Políticos que, frequentemente, lançam ao chão palavras entorpecidas de
esperança, mas que perdem a força ao longo do caminho.
Constantemente, órgãos oficiais como a Conab e o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciam recordes nas safras, na produção
de soja, de milho. Milho este incapaz de chegar até os produtores da nossa
região, pois esbarram na precariedade do nosso sistema de logística e
infraestrutura que encarecem o transporte dessas cargas que chegam –quando
chegam – mais caras que o produtor, desfalcado pelo efeito da estiagem, pode
pagar.
Talvez o Dia Mundial do Campo não seja mais uma data comemorativa, como
já fora um dia. Nosso estado já foi o maior produtor de abacaxi do país,
figurava entre os 10 maiores produtores de leite do Brasil e era – ou ainda é –
conhecido pela forte genética da raça de bovinos Sindi – que está morrendo
pelos campos.
Talvez um dia tenhamos motivos para voltarmos a nos orgulhar dessa
Pátria Amada, mas abandonada. Mais uma vez Joaquim Osório acerta quando
cantarola “Verás que um filho teu não foge à luta”. Não fugimos. Temos
convicção da nossa tarefa, de sermos ouvidos e atendidos em nossas exigências
para salvar o setor. Infelizmente, a opinião pública urbana no Brasil não
enxerga que o Brasil é Agro. Se ela pensasse assim, cobraria muito mais a nossa
classe política. E o Agronegócio precisa de uma institucionalização, necessita
que o setor público tome à frente no planejamento do setor e guie projetos que
sejam perenes e eficientes, que façam ter sentido a gravura “Ordem e Progresso”
da nossa tão suada bandeira.
Mário Borba
Presidente do Sistema FAEPA/SENAR-PB
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