O namorado da estudante
Caroline Silva Lee, de 15 anos, morta a tiros por um grupo de três criminosos
durante roubo em Higienópolis, em São Paulo, na madrugada de domingo (21),
disse nesta segunda-feira (22) que a adolescente "só não quis entregar a
bolsa dela" para os assaltantes. Apesar de a sua namorada ter se recusado
entregar a mochila ao grupo, Jardel Alves do Nascimento, 24 anos, afirmou
que isso não significa que ela reagiu ao assalto. O casal namorava há mais de
um ano e praticava Kung Fu.
Horas após o crime, três homens num carro roubado foram perseguidos pela Polícia Militar e presos após trocarem tiros com os policiais. De acordo com a Polícia Civil, eles confessaram o assassinato da garota. De acordo com o boletim de ocorrência, em seu interrogatório, o responsável pelos dois disparos que atingiram e mataram Caroline não demonstrou arrependimento e riu da situação, afirmando que "é isso que acontece para quem reage".
“Ela só não quis entregar a bolsa dela. O cara saiu com a arma e atirou nela. Falei para ela entregar a mochila, ela não quis e ficou segurando”, disse Nascimento durante o velório de Caroline no Cemitério Jardim Valle dos Reis, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
A estudante era velada no cemitério desde o domingo e deve ser enterrada ainda nesta segunda. A jovem era estudante bolsista do 2º ano do ensino médio do Colégio São Luís, tradicional escola particular na região da Avenida Paulista. Jardel e Caroline namoravam há 1 ano e 2 meses. Segundo o professor de Kung Fu deles, Francisco Nobre, de 42 anos, o casal planejava montar uma academia para, no futuro, dar aulas de artes marciais.
A mãe de Caroline disse que ela era uma menina esforçada e estudiosa. A recepcionista Maria Lee, de 40 anos, contou que Caroline sempre tirou boas notas e, por isso, conseguiu uma bolsa de estudos no colégio. “Ela sempre tirou notas boas. Ela tinha vários planos: de fazer Fatec, corria atrás de curso de inglês. Ela fazia curso de violão, de karatê. De tudo isso, ela corria atrás, com o próprio esforço”, disse Maria Lee.
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Mãe mostra pertences que estavam na bolsa da filha (Foto: Letícia Macedo / G1) |
Por volta das 2h deste domingo, Caroline tinha deixado a festa de uma amiga de infância, na região da Rua Augusta, na companhia do namorado. De acordo com a Polícia Civil, o jovem disse que eles foram abordados por dois criminosos armados ao passar pela Rua Sabará. Segundo o depoimento, eles entregaram mochila e celulares, mas, mesmo assim, um dos ladrões atirou duas vezes contra a adolescente.
Três suspeitos foram presos pelo crime após baterem o carro na fuga. No boletim de ocorrência registrado no 26° Distrito Policial, os suspeitos Marcos Vinícios Correia Gomes, de 19 anos, Alex Rodrigues Venâncio, de 18, e Claudinei Avelino Modesto, de 18, confessaram o crime e alegaram que a vítima reagiu.
Segundo Adalberto Henrique Barbosa, delegado da 2º Delegacia Seccional Sul, durante o interrogatório dos criminosos, o suspeito de ter atirado na estudante respondeu “é o que acontece com quem reage” ao ser indagado por um jornalista se estava arrependido.
“O delegado falou que o homem [que atirou] tem sangue frio. Eu quero que eles fiquem 40 anos na cadeia”, afirmou a mãe, que estava sob efeito de traquilizantes.
A adolescente que perdeu o pai, vítima de um câncer, há 6 anos, morava com a mãe e um irmão, de 17 anos, em uma apartamento na região da Bela Vista. “O menino ficou em casa, em estado de choque e vai me dando força aos poucos.”
Revoltada, a mãe pede justiça. “Esse mundo tem que mudar. São muitas pessoas morrendo. Como uma mãe que perde a única filha por causa de um celular, de uma máquina, que um bandido vem, chega na esquina e troca por R$ 10 ou por maconha. Para quê [matar]?”, indagou.
“O delegado falou que o homem [que atirou] tem sangue frio. Eu quero que eles fiquem 40 anos na cadeia”, afirmou a mãe, que estava sob efeito de traquilizantes.
A adolescente que perdeu o pai, vítima de um câncer, há 6 anos, morava com a mãe e um irmão, de 17 anos, em uma apartamento na região da Bela Vista. “O menino ficou em casa, em estado de choque e vai me dando força aos poucos.”
Revoltada, a mãe pede justiça. “Esse mundo tem que mudar. São muitas pessoas morrendo. Como uma mãe que perde a única filha por causa de um celular, de uma máquina, que um bandido vem, chega na esquina e troca por R$ 10 ou por maconha. Para quê [matar]?”, indagou.

Fiat Idea usado no crime tinha sido roubado no dia 14 (Foto: Hélio Torchi/Estadão Conteúdo)
G1 SP
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