Considerada
a maior seca dos últimos 40 anos, a falta de chuvas nos últimos dois
anos em cidades do Sertão Nordestino (2011/2012) tem desencadeado uma
série de problemas, que vão desde a queda total na produção agrícola,
perdas de rebanhos, falta de água pra beber, e ainda a evasão escolar.
O
problema foi identificado este ano pelo secretário de educação do
município de Mãe d’Água-PB, Adalberto Lima, com o início do ano letivo
2013, aberto no último dia 18 de fevereiro. De acordo com Lima, no ano
passado a rede municipal matriculou 697 alunos nas 11 escolas do
município e este ano, apesar de todo esforço da administração, foram
matriculados 667. Ou seja, uma redução de 30 alunos, quando todos
esperavam que esse número aumentasse. “Está havendo um êxodo rural
muito grande por conta da seca. Várias famílias estão procurando outras
regiões menos afetadas pela estiagem para fixar nova residência.”
Explica Lima. “No ano passado muitas famílias deixaram suas casas no
campo, mas vieram morar aqui em na cidade, por isso não sentimos tanta
diferença. Como Mãe d’Água também está sofrendo com a falta de água,
essas famílias agora estão procurando outras cidades, principalmente no
Sul do país, onde os ciclos chuvosos são mais regulares.”
Adalberto
informou que essa evasão escolar vem preocupando sobremaneira a
prefeita do município, Margarida Fragoso (Margarida Tota) que continua
centrando esforços na tentativa de firmar parcerias com os governos
Estaduais e Federais, no sentido de atrair obras, como a construção de
açudes, que possam resolver esse problema que aflige a população de seu
município. “Na semana do retorno às aulas, somente na escola José Luiz
de Oliveira, nós perdemos 16 alunos, cujos pais foram embora a procura
de sobrevivência em outras regiões.” Lamentou Lima.
Outro
problema que a Secretaria de Educação de Mãe d’Água enfrenta por conta
da seca, é com relação à compra direta de produtos agrícolas feita aos
produtores rurais da chamada Agricultura Familiar. “A lei diz que nós
temos que comprar 30% da merenda a esses produtores, mas como vamos
fazer isso se eles não conseguiram produzir absolutamente nada?” Indaga
o secretário. De acordo com ele, no ano de 2011 alguns agricultores que
se enquadram no programa do Governo Federal, ainda conseguiram produzir
alguns produtos através da irrigação de poços. “Mas os poços secaram
totalmente e eles não conseguem água sequer para beber. Não fosse os
carros pipa contratados pela prefeitura que vem fazendo esse
abastecimento, a situação era prá lá de caótica” Enfatiza. “Através de
contatos em Brasília-DF, nós estamos buscando orientação junto ao FNDE
– Fundo Nacional de Educação Básica – para saber o que fazer nesse
caso.” Completou.
TRANSPORTE ESCOLAR
Durante
essa entrevista o secretário Adalberto revelou ainda que na próxima
terça feira - 26.02, estará em João Pessoa-PB, capital do Estado, para
participar de uma audiência promovida pelo MPPB – Ministério Público da
Paraíba, que deve recomendar a todos os municípios o fim do transporte
de estudantes que não seja em ônibus devidamente vistoriados pelos
órgãos competentes. O evento será promovido através do Centro de Apoio
Operacional às Promotorias da Educação (Caop da Educação), e ocorrerá
no auditório do Unipê, na capital, com a presença do procurador geral
de justiça do MPPB, Osvaldo Trigueiro do Vale Filho. “Essa é outra
questão que pode contribuir ainda mais para a evasão escolar em Mãe
d’água. Nós temos ônibus específicos para esse fim adquiridos pela
administração anterior e também pela a atual, mas por conta do relevo
do nosso município, composto especialmente por serras e montes, apenas
as caminhonetas D-20 conseguem chegar a algumas residências,
especialmente se o início do período chuvoso previsto agora para março
se confirmar. Caso nós tenhamos que assinar o termo de cooperação entre
o Ministério Público, Departamento de Trânsito da Paraíba (Detran-PB),
Departamento de Estradas e Rodagem (DER-PB) e Comando da Polícia
Militar do Estado para fiscalização do transporte escolar, que impede
que os alunos sejam conduzidos em outros veículos que não sejam os
ônibus, não teremos como pegar esses alunos nesses locais de serra.”
Explica Lima, preocupado.
Célio Martinez/maispatos.com
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