
Assad quis ainda deixar
claro que o seu país não se vergou às ameaças de um ataque punitivo por
parte da administração Obama, mas que o acordo alcançado em Genebra - no
qual Damasco se comprometeu a entregar as suas armas químicas - foi uma
resposta às propostas do seu velho aliado, a Rússia.
Na
entrevista conduzida pelo ex-congressista norte-americano, Dennis
Kucinich, na capital síria, Assad insistiu uma vez mais que os
responsáveis pelo ataque químico de 21 de Agosto foram os "terroristas"
(nome pelo qual se refere às forças rebeldes). O presidente sírio
garantiu que entregou à Rússia provas de que os grupos terroristas
recorreram ao gás sarin, Rússia que, através de um dos seus satélites,
também diz ter conseguido provas de que os rockets disparados naquele
ataque - que, segundo os EUA, causou a morte de mais de 1400 civis - não
tiveram origem numa das zonas controladas pelo regime.
Entretanto,
o Observatório Sírio dos Direitos Humanos informou que, nos últimos
dias, a força aérea do regime tem bombardeado incessantemente áreas
controladas pelos rebeldes junto à capital. Enquanto isso, os confrontos
entre rebeldes e as forças leais a Assad agravaram-se por todo o país
numa altura em que, segundo residentes e activistas da oposição, a
atenção internacional se desviou para o acordo que permitirá eliminar as
armas químicas na Síria.
Diplomatas dos cinco membros permanentes
do Conselho de Segurança da ONU (EUA, França, Rússia, China e Reino
Unido) mantêm-se em negociações, em Nova Iorque, sobre um projecto de
resolução que garanta o desmantelamento efectivo do arsenal químico
sírio.
A Organização para a Interdição de Armas Químicas reúne-se
no domingo de manhã em Haia para discutir o mesmo plano. Várias vezes
adiada, a reunião servirá para que os 41 Estados-membros do Conselho
Executivo analisem a adesão da Síria à Convenção sobre Armas Químicas.
Ontem,
o presidente russo, Vladimir Putin, disse estar "confiante" mas não a
"100%" de que o plano acordado entre o seu país e os EUA venha a ter
sucesso. As potências ocidentais insistem que este acordo seja reforçado
por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que faça pender sobre
Damasco a ameaça de uma intervenção militar caso o desmantelamento não
vá em frente. Mas a Rússia opõe-se a esta hipótese.
Também ontem, a
chanceler alemã, Angela Merkel, veio negar as acusações contra o seu
país de que 137 toneladas de materiais químicos fornecidos à Síria
possam ter sido usados no fabrico de armas.
Por Diogo Vaz Pinto
publicado em 20 Set 2013 - 09:03
publicado em 20 Set 2013 - 09:03
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